domingo, 28 de fevereiro de 2010

Akshardam (Templo Indu) e Jantar Mantar (observatorio astronomico)

Depois de 3 dias conhecendo a Delhi islamica, ontem finalmente visitei um templo Indu. Enorme, lindo, cheio de jardins, paredes esculpidas com deuses, animais, cenas de guerras santas de um passado mitologico, etc. O templo se chama Akshardam. Apesar de toda a pompa, infelizmente tinha um pouco de clima de Disney world. Uma Disney world metafisico-filosofica. A entrada era de graca, mas dentro havia pracas de alimentacao e muitas lojinhas de souvenirs. Experimentei faluda, uma sobremesa feita de vermicelli gelado (um tipo de macarrao), semente de tapioca e agua de rosas. Uma delicia, mas devia ter umas 1000 calorias. Fiquei satisfeito por horas. Uma vez comi uma sobremesa libanesa parecida com isso na casa do Khaled (primo da Aline, minha namorada).

Fui ao templo, de moto com Arijit, um amigo de Assam que conheci aqui. No caminho paramos em uma plantacao de trigo e rabanetes, com aqueles trabalhadores usando roupas coloridissimas(fotos).









Mais tarde visitei o observatorio astronomico construido por Jai Sigh II, um Maraja indiano, ha 300 anos. Ele construiu 5 desses observatorios, o principal sendo em Jaipur (que eu vou visitar em dois dias). Construcoes muito interessantes! Elas nada mais sao do que instrumentos gigantescos para medicoes astronomicas como: medir o diametro do sol, movimento das estrelas, a passagem de tempo (relogio solar), etc.
Esse eh o observatorio (o de Jaipur) que Cortazar escreveu sobre no texto chamado "a prosa do observatorio", que alias, vale muito a pena ser lido. Porque Jai Singh II resolveu construir instrumentos tao grandes nao eh muito claro, uma vez que os instrumentos tradicionais sao muito menores. Alguns acreditam que isso foi pra aumentar a precisao das medicoes, mas nao se sabe ao certo. Minha opiniao eh que ele fez isso pra sentir mais "de perto" o funcionamento do universo (para se religar ao universo), pra poder literalmente ver o movimento da sombra do sol e da lua atravessando as marcas das reguas gigantes que construiu. Quase como uma maquina para decifrar as mensagens divinas que vem em forma de movimento. O sol eh o universo, a regua eh o homem. Uma mistura de observatorio cientifico e templo, de razao e sentimento, de entendimento e contemplacao. Misturando ciencia e religiao (religacao) atraves de um trabalho artistico - cientifico. Ciencia religiao e arte ainda amalgamados.



sábado, 27 de fevereiro de 2010

Templo de Lotus e Festival Sufi

O templo de Lotus eh o setimo grande templo mundial da fe Bahai. Religiao nova que nasceu ha cerca de 150 anos na Persia e vem crescendo bastante no mundo todo. A fe Bahai tem um ideal unificador bastante interessante. Eles aceitam os grandes mestres das tradicoes judaico-crista, Zoroastrica, islamica, hindu e budista como autenticos enviados divinos, alem do 2 novos mestres fundadores da religiao (Bab e Bahaullah). O templo eh de cair o queixo. Os jardins onde o templo eh construido tambem. Tudo lindo. O numero nove eh "O NUMERO" na religiao Bahai, representando o todo, a unicidade e a unidade. E o templo eh construido baseado no numero nove. Sao nove piscinas sob o templo, 9 petalas na flor de lotus que constitui o "domo" do templo e mais nove petalas abertas cercando as petalas centrais. Por dentro essa arquitetura fica ainda mais bonita, pois ha 9 grandes arcos e uma estrela e 9 pontas no topo do templo. Eles acreditam que Deus enviou sua mensagem ao homem dividida em nove partes, atraves de 9 profetas: Adao, Moises, Krishna, Zoroastro, Buda, Jesus, Mohammed, Bab e Bahaullah. A noite fui assistir ao festival de musica sufi chamado:jahan-e-khusrau, que aconteceu em um lugar chamado Tumba de Humayun Musicos do Rajastao (Samandar Khan and group) dividiram o palco com uma cantora paquistanesa (Sanam Marvi) para fazer um show de Qawalli (musica sufi) inesquecivel. Foi um dos melhores shows da minha vida sem sombra de duvida. Alias, pra quem so conhece o lado bomba do islam prevalente na midia dos nossos dias, vale a pena estudar um pouco de sufismo, com sua musica, danca, poesia, pintura, cosmologia e amor. O sufismo esta para o islamismo mais ou menos como a cabala esta para o judaismo e os gnosticos para o cristianismo. Cheguei em casa e celebramos o aniversario de Arindita, a namorada de Ashish, que eh nascida no estado e Assam. Alias eh interessantissimo notar que as pessoas do nordeste da India (Assam incluido) se parecem muito com os indios da america do sul.


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Delhi Antiga



Visitei Delhi antiga ontem. Ela eh a setima cidade construida sucessivamente uma apos a outra em sucessivas invasoes da India:
Delhi 1 - Indraprastha - Seculo 12 - Cidade Hindu
Delhi 2 - Siri - Seculo 12 - Cidade Muculmana (Imperio Turco - Afegao)
Delhi 3 - Tughlaqabad - Seculo 14 - Cidade Muculmana (Dinastia Tughlaq)
Delhi 4 - Jahanpanah - Seculo 14 - Cidade Muculmana (Dinastia Tughlaq)
Delhi 5 - Firozabad - Seculo 15 - Cidade Muculmana
Delhi 6 - Shergarh - Seculo 16 - Cidade Muculmana (Imperio Afegao)
Delhi 7 - Shahjehabanad - Seculo 17 - Cidade Muculmana (Imperio Mogul)
Delhi 8 - Nova Delhi - Seculo 19 - Cidade Inglesa (imperio Britanico)
A setima Delhi foi criada por Shah Jahan (o da musica do jorge Ben de novo), e eh a Delhi antiga. Os dois monumentos principais sao o forte vermelho e a grande mesquita (Jama Masjid). Deu pra perceber que Delhi eh uma cidade com uma forte historia muculmana, e eh assim que ela parece. A presenca muculmana eh fortissima e os monumentos principais tem arquitetura muculmana. Mas fora o aspecto historico, minha impressao constante foi a de caos. Muito barulho, muita gente, muito transito, muita fumaca, muitos mendigos, muitas linguas... Andei quase o dia todo em uma Rickshaw e acabei ficando meio amigo do motorista (nao sei se "motorista" eh a palavra certa, uma vez que rickshaw nao tem motor...), na medida do possivel, porque o ingles dele era quase inexistente. Ele me levou sem que eu pedisse a um temple Jain que tem 1000 anos de existencia, ou seja, ja estava la antes da primeira Delhi ser construida. Entrei pelos fundos, que ficam escondidos em um beco que da medo. O motorita bateu na porta. Deu pra ver pela porta transparente que um homem levantou da cama e veio abrir a porta. Entrei e ele me guiou Shahjehabanad atraves do templo, depois que eu tirei os sapatos e lavei a maos e o rosto para me purificar da energia da cidade. O templo eh maravilhoso, com muitas estatua de marmore e onix e todas as paredes e o teto pintados a ouro. Fotos nao sao permitidas. Decidi comer no Connaught Place. Um lugar de negocios e comercio um pouco mais ocidentalizado. Dois homens com seus 25 anos mais ou menos e trajes ocidentais puxaram conversa comigo (provavelmente porque eu nao sou indiano), e me indicaram um lugar legal pra almocar. Almocamos os tres. Eles estao na faculdade, sao muculmanos e um deles namora uma brasileira, o que estreitou nossa conexao. Eles foram muito legais comigo e me sugeriram uma agencia de turismo pra planejar o resto da minha viagem. Na agencia conheci Ajaz, outro muculmano da Cashmira, que ja esteve no Brasil e que ficou meu amigo. Ele arranjou pra eu ir ontem mesmo assitir a uma apresentacao de musica Qawalli ( musica sufi sagrada dedicada a Deus e aos santos e profetas muculmanos) no tumulo de um santo Sufi do seculo 13, chamada Nizamudin, que foi um sonho. Sempre quis assistir a uma apresentacao dessas ao vivo e tinha duvidas se isso aconteceria um dia. Mas o destino de alguma forma acabou me levando ateh la. Sai e fui jantar na casa de um amigo do Ajaz, que comeu pato ensopado e arroz com as maos. Achei melhor nao comer. Depois ele me levou pra casa. Me tratou bem Delhi.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Noida

Estou na casa do meu amigo Ashish em Noida. Uma cidade da grande Delhi.
Ontem comprei um celular pre-pago. Paguei o equivalente a 60 reais.
Andei pela regiao com o motorita do Ashish, pra tirar umas fotos. Tive a impressao de que o bairro quase inteiro era uma mistura de feira com favela, pastos, com centenas de vendedore e prestadores de servico espalhados pelas ruas oferecendo: cortes de cabelo, reparo de relogios, assistencia medica, lavagem de roupas, frutas, verduras, temperos, frituras, incensos, etc. As ruas como todos ja sabem era dividida entre carros nas duas maos, vacas, bufalos, rickshaws, Auto-rickshaws, bicicletas, motos, carrocas... Pessoas dormiam nas calcadas. O ar era feito de muita poluicao, xixi, incenso, cardamon, anis, suor, etc. As mulheres todas muito enfeitadas (mesmo as miseraveis) com seus saris colridos, brincos e colares. Os homens todos, apesar de sujos, tinham seus cabelos engomados, e calcas e camisas bem passadas. Todos me olhavam como se eu fosse de outro planeta. Alguns me olhavam feio quando eu apontava minha camera (principalmente mulheres), outros me pediam pra tirar fotos e gostavam de ver como tinha ficado depois. O motorista que me acompanhava a pe no meio das pessoas parecia ter medo de algumas mulheres e me orientava a nao tirar fotos delas. Ele sabia que elas falavam outra lingua so de olhar suas roupas!!??
Mas apesar de tudo isso, devo dizer que estava me sentindo bem no meio desse caos.
O indano eh essencialmente diferente dos ocidentais. Em muitas coisas. Nao sei definir bem ainda. Falam em um tom de voz mais alto, que aprece uma discussao, quando na verdade nao eh. Ficam mais proximos, fisicamente, da gente do que seria esperado, se intrometem em conversas alheias, nao respeitam muita fila, parecem alegres, a despeito da condicao miseravel, e mais coisas que ainda nao sei por em palavras.

Indianos


Finalmente...India

Depois de aproximadamente 2 dias de viagem, Sao Paulo - Newark - Delhi, finalmente a india me deixou entrar. Sou grato por isso.
Cheguei em Delhi ontem a noite. Meu amigo aqui - Ashish Chopra - arranjou um taxista pra me levar do aeroporto ate a casa dele. Ele nao falava uma palavra de ingles, e como meu hindi nao eh bom o suficiente para uma conversa, o taxi foi silencio.
Pude experimentar o famoso e emocionante (estressante pra ser mais preciso) transito de Delhi, com 3 carros ocupando duas faixas praticamente o tempo todo, com centimetros de distancia entre eles. Vi uma pequena batida com direito a briga (fisica) no transito e senti o ar poluidissimo da capital indiana.
Cheguei em uma casa confortabilissima onde Ashish me esperava com o jantar pronto: Paneer, espinafre e ervilhas com tomate. Delicioso.
Dormi uma boa noite de sono e no cafe tivemos manteiga, yogurte, ovos mexidos e pao indiano feito com couve-flor ou alho. Tudo caseiro, preparado na hora. Delicioso outra vez.
Hoje vou comprar um telefone e planejar o resto da viagem.